Artigos do Pr.Carlos Souza

Deus é mau ?
Autor, Pr.Carlos Souza
A percepção de que o Deus do Antigo Testamento é puramente vingativo, em contraste com um Deus de amor no Novo Testamento, é uma simplificação que não reflete a totalidade das Escrituras. Embora o Antigo Testamento descreva atos de juízo severo contra a iniquidade, ele também revela repetidamente a bondade, a misericórdia e a fidelidade de Deus para com a sua criação e o seu povo. A narrativa bíblica, desde o princípio, estabelece Deus como a fonte de todo o bem. Em Gênesis, a criação é descrita como "muito boa", refletindo a perfeição de seu Criador. Mesmo após a Queda, a bondade divina manifesta-se através da promessa de redenção e da provisão contínua para a humanidade.
Ao longo dos livros do Antigo Testamento, a bondade de Deus é exibida de várias formas:
Misericórdia e Paciência: Deus demonstra grande paciência e longanimidade, como exemplificado nas inúmeras oportunidades de arrependimento concedidas a Israel.
Aliança e Fidelidade: A aliança de Deus com o seu povo é um testemunho de sua fidelidade. Apesar da desobediência e da rebelião de Israel, Deus permanece fiel às suas promessas, reafirmando repetidamente seu compromisso.
Provisão e Cuidado: Através da libertação do Egito, da provisão no deserto e da liderança de líderes como Moisés, Deus demonstra seu cuidado e proteção contínua.
Assim, para compreender plenamente o Deus da Bíblia, é essencial ir além das histórias de juízo e reconhecer que a bondade divina é um fio condutor que percorre todo o Antigo Testamento, preparando o caminho para a revelação máxima de sua natureza amorosa em Jesus Cristo.
Não há textos na Bíblia que descrevam Deus como "mau" no sentido de ser intrinsecamente perverso. A teologia cristã e judaica afirma que Deus é inerentemente bom e justo. Contudo, a Bíblia relata ações de Deus que, de uma perspetiva humana, podem ser interpretadas como duras ou cruéis. Estas ações são geralmente apresentadas no contexto do juízo divino contra a maldade humana, para disciplinar o seu povo ou para cumprir um propósito maior.
Exemplos de ações de Deus que podem ser mal interpretadas ou questionadas incluem:
No Antigo Testamento:
O Dilúvio Universal: Deus decide destruir toda a vida na Terra com um dilúvio, exceto Noé, a sua família e os animais que entraram na arca. Esta ação é apresentada como um juízo severo contra a grande maldade da humanidade.
A destruição de Sodoma e Gomorra: Deus destrói estas cidades com fogo e enxofre devido à sua grande iniquidade.
A morte do filho de David e Batseba: Deus tira a vida do filho recém-nascido de David, como punição pelo adultério e pelo assassinato de Urias.
O massacre dos amalequitas: Deus ordena a Saul que elimine completamente o povo de Amaleque, incluindo homens, mulheres e crianças.
Pragas e punições no Êxodo e Deuteronómio: Deus envia pragas para punir o Faraó, endurece o seu coração e permite que o seu próprio povo sofra doenças e desastres quando se desvia dos seus mandamentos.
A ira de Deus contra o povo: Há vários relatos em que Deus age com ira e castigo contra Israel por causa da sua idolatria e desobediência.
A perspetiva teológica sobre estas ações:
O contexto histórico e cultural: O Antigo Testamento reflete uma compreensão da divindade moldada por um contexto de guerra e impérios, onde a autoridade divina era frequentemente associada ao poder e ao juízo.
O propósito do juízo: Os atos de juízo de Deus são vistos pelos teólogos como manifestações da sua justiça e santidade, destinadas a erradicar o mal e a purificar o mundo.
A soberania divina: Em passagens como Isaías 45:7, onde se lê que Deus "cria o bem-estar e cria a calamidade", a interpretação teológica moderna clarifica que Deus não cria o mal moral, mas sim calamidades ou consequências adversas para disciplinar.
A distinção entre Deus e Satanás: A Bíblia distingue claramente as ações de Deus das ações do diabo, que é o autor do mal.
A Bíblia não apresenta uma lista de textos onde Deus é mau. Contudo, relata acontecimentos que, fora do seu contexto teológico, levantam questões sobre a natureza do mal e o juízo divino, o que tem levado a debates e a interpretações diferentes ao longo da história
A distinção entre Deus e Satanás é fundamental na teologia cristã e judaica, abrangendo diferenças em natureza, origem, caráter, poder e destino. A principal diferença é que Deus é o Criador, enquanto Satanás é um ser criado que se rebelou.
Característica
Deus
Satanás (O Diabo)
Natureza
Inerentemente bom e santo: A Bíblia descreve Deus como perfeitamente justo, amoroso e verdadeiro. O mal não se origina em Deus.
Intrinsecamente mau e perverso: É o autor da iniquidade e da rebelião. É chamado de "adversário" e "acusador".
Origem
Não criado e eterno: Deus não tem começo nem fim, e sempre existiu.
Criado por Deus: Satanás foi originalmente um anjo perfeito, descrito como Lúcifer ("estrela da manhã") em Isaías e Ezequiel, antes de se corromper pelo orgulho.
Poder
Onipotente (todo-poderoso): O poder de Deus é ilimitado. Satanás não é igual a Deus em poder.
Poder limitado: Seu poder, embora significativo, é restrito e controlado pela permissão de Deus, como se vê no livro de Jó.
Presença
Onipresente (presente em todo o lado): Deus pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
Não onipresente: Satanás só pode estar em um lugar de cada vez, ao contrário de Deus.
Conhecimento
Onisciente (sabe tudo): Deus conhece tudo, passado, presente e futuro.
Não onisciente: Ele tem um conhecimento vasto, mas não é ilimitado como o de Deus.
Propósito
Redenção e Salvação: A sua vontade é restaurar a humanidade caída através do sacrifício de Jesus Cristo.
Tentação e Destruição: Procura desviar a humanidade de Deus e arruinar vidas.
Conclusão
Vencedor final: A Bíblia afirma que a vitória de Deus já está garantida sobre Satanás.
Derrotado: O seu destino final é a derrota completa, sendo lançado no lago de fogo.
Vou fazer aqui uma exegese e um pequeno tratado — tentando reunir:
(1) o que os textos do Antigo Testamento (Tanakh/ Bíblia Hebraica) dizem; (2) como isso se encaixa na cultura e mentalidade do Antigo Oriente Próximo (AON); (3) como a tradição judaica e pensadores posteriores entenderam essas mortes; e (4) respostas teológicas/éticas modernas. Vou usar linguagem direta e citar episódios e motivos recorrentes, sem pretender esgotar tudo (é um assunto enorme), mas entrego um quadro consistente e crítico.
1. Quais textos estão em questão — exemplos representativos
Os textos do AT que relatam Deus matando ou ordenando mortes incluem, entre outros:
O dilúvio (Gn 6–9) — destruição da humanidade, salvo Noé e família.
Sodom e Gomorra (Gn 19) — destruição por juízo.
As pragas do Egito e a morte dos primogénitos (Êx 7–12).
Ordens de "herem"/aniquilação contra povos cananeus (Js 6 — Jericó; Dt 20:16–18).
O comando para atacar os midianitas (Nm 31) e o comando contra Amaleque (1Sm 15).
Sanções criminais na Lei (morte por apedrejamento ou espada para certos delitos — Ex., Lv, Dt).
Esses textos vêm em gêneros variados: narrativa primeva, leis, hinos, profecia, relato de guerra. Cada gênero tem finalidades literárias e teológicas próprias.
2. Quadro cultural e histórico do Antigo Oriente Próximo (AON)
Para entender por que esses textos falam assim, é essencial situá-los no contexto do AON:
Guerra e aniquilação como retórica comum: Documentos e inscrições de povos antigos (hititas, egípcios, mesopotâmios, cananeus) frequentemente usam linguagem de destruição total para descrever campanhas militares victoriosas. "Aniquilar" podia ter também sentido ritual e propagandístico — mostrar que um povo foi completamente subjugado.
Deuses-guerreiros e soberania divina: Nas literaturas antigas, os deuses são frequentemente descritos como atores que intervêm diretamente em história — defendendo Povo/Templo, punindo inimigos. O Israel bíblico usa a linguagem de um Deus-Guerreiro (YHWH) que atua politicamente e militarmente.
Moralidade comunitária e sobrevivência: Sociedades antigas eram coesas por laços de sangue, tribo e aliança. Leis severas (incluindo pena de morte) funcionavam também como mecanismos de coesão, dissuasão e pureza cultual em ambientes vulneráveis (doenças, choque entre povos, crises).
Conceito de "herem"/sacralização pela aniquilação: Havia práticas em que bens ou pessoas eram consagrados a uma divindade — às vezes implicava destruição total para remover profanação ou isolar o mal. No texto bíblico, "herem" aparece como consagração por destruição (embora haja debates sobre o alcance literal disso).
3. Principais razões apresentadas no texto bíblico
A partir dos textos, podemos identificar motivos explícitos ou implícitos:
Justiça retributiva: Deus pune o pecado (ex.: corrupção generalizada antes do Dilúvio; hospitalidade sexual e violência em Sodoma; idolatria em povos ou em Israel).
Proteção e preservação da pureza do povo/aliança: Ordens contra práticas religiosas ou morais de povos vizinhos pretendiam proteger o culto centralizado e a identidade de Israel (temor à idólatra e à assimilação).
Julgamento contra nações ímpias: Profetas frequentemente anunciam que Deus executará juízo nacional como resposta a crueldade, opressão ou recusa em cumprir a vontade divina.
Soberania divina e prerrogativa de vida/morte: O texto bíblico insiste que YHWH é soberano sobre a vida e a morte — logo, atos de destruir podem ser manifestação dessa soberania.
Função narrativa/teológica: Em muitos relatos, a destruição funciona para mostrar que Deus é fiel às promessas (ex.: promessa de terra; julgamento dos inimigos) ou para ensinar uma verdade teológica sobre santidade e consequências do pecado.
4. Questões literárias e hermenêuticas importantes
Gênero e hipérbole militar: Alguns estudiosos vêem nas ordens de "aniquilação" (herem) elementos de hipérbole militar/propaganda; é provável que os relatos supradimensionem destruições, como era comum em relatos de guerra antigos.
Redação e camadas literárias: Livros como Josué e Juízes foram redigidos e editados em tradições que responderam a circunstâncias políticas posteriores — os textos podem conter leituras teológicas posteriores sobre eventos antigos.
Diferença entre relato e norma: Nem todo relato é apresentado como mandamento universal e atemporal; alguns são eventos singulares no contexto da aliança e vocação de Israel.
5. Como a tradição judaica interpretou/mitigou esses textos
A tradição rabínica e judaica posterior não lê esses relatos de forma simples e literal sem mediação:
Procedimentos judiciais rigorosos: A Torá prevê pena de morte em alguns casos, mas o Talmud regula a execução com padrões de prova muito altos (testemunhas, aviso, coerência). Nos textos rabínicos clássicos, a execução é raríssima; o sistema deliberadamente torna a pena de morte difícil de aplicar.
Leituras éticas e alegóricas: Rabis e comentaristas medievais (ex.: Rashi, Ramban/Nachmanides, Maimônides) ofereceram interpretações que enfatizam justiça, providência ou lições morais — Maimônides, por exemplo, tentou harmonizar lei, razão e ética.
Tendência a humanizar e limitar: Interpretações judaicas posteriores tendem a ver muitas ações como juízo específico, contextual e não como licença para violência indiscriminada.
6. Perspectiva da crítica histórica e acadêmica moderna
Estudiosos contemporâneos usam várias abordagens:
Crítica de forma e redacional: investiga quando e por que certos relatos foram compostos/editados.
Antropologia ritual e sociologia: examina práticas como "herem" como rituais de purificação comunitária, não apenas política de extermínio.
Arqueologia e evidência empírica: estudos arqueológicos sobre destruição de cidades cananeias mostram padrões complexos; nem sempre há evidência de destruição total numa única campanha (logo, o texto literário e a evidência material podem divergir).
Estudos éticos: exploram como tradições religiosas lidam com violência divina na Escritura e como traduzi-la para ética contemporânea.
7. Leituras teológicas — como explicar "por que Deus matou/mandou matar"?
Abaixo estão linhas de resposta teológica que apareceram ao longo da história do judaísmo e do cristianismo:
Deus como juiz justo: a melhor explicação teológica tradicional é que Deus julga o pecado; em situações extremas, o juízo resulta em morte. A ênfase é que a ação é justa, não arbitrária.
Proteção da vocação/aliança: atos severos preservam a vocação de Israel (ser um povo santo) — uma lógica de preservação divina.
Realidade do mal e consequências históricas: o texto reflete que ações humanas têm consequências profundas que, em sociedades antigas, eram tratadas com severidade.
Progressividade da revelação: alguns teólogos sugerem que há "movimento" na revelação ética — práticas e normas se desenvolvem ao longo da história bíblica; a ética do NT (Jesus) e de tradições posteriores recontextualizam textos antigos.
Accomodation/linguagem antropomórfica: parte da narrativa usa linguagem humana para falar de Deus; algumas passagens expressam juízo na linguagem do tempo e da cultura.
Função pedagógica/teológica do relato: os textos não são relatórios neutros; pretendem formar a fé, a identidade e o entendimento do povo.
8. Problemas éticos e desafios modernos
Genocídio e moralidade: passagens que parecem ordenar eliminação total geram fortes objecções modernas — muitos perguntam se isso pode ser moralmente aceitável. Respostas variam: negar historicidade literal; ler como hipérbole; afirmar juízo divino incompreensível; ou reinterpretar à luz de desenvolvimento moral posterior.
Imitação e abuso: há sempre o perigo de usar textos antigos para justificar violência contemporânea — a tradição responsável sempre chamou à leitura crítica e contextual.
Pastoral do sofrimento e silêncio: muitas tradições religiosas reconhecem que, em última instância, há mistério — e que confrontar tais passagens exige compaixão pelas vítimas e honestidade intelectual.
9. Síntese — por que essas mortes aparecem no AT?
Consolidando as linhas acima, as razões (literais e teológicas) são múltiplas e frequentemente entrecruzadas:
Juízo divino contra o pecado e a corrupção (retributivo).
Proteção da santidade e identidade do povo da aliança (preservação cultual).
Contexto militar e retórico do AON — linguagem de guerra e "aniquilação" possivelmente hiperbólica.
Prerrogativa de Deus como soberano da vida e da história.
Funcionalidade literária/teológica: ensinar, lembrar, e moldar identidade.
Interpretação rabínica e cristã posterior que restringe, reinterpreta ou transforma o sentido prático desses textos.
10. Como abordar o texto hoje — sugestões práticas para estudo
Leia o texto no seu gênero (narrativa, lei, profecia) e compare versões/comentários.
Observe o contexto histórico e cultural (AON) para reconhecer formas retóricas.
Consulte a tradição interpretativa judaica (rabis, Talmud) e a patrística/teologia cristã para ver respostas históricas.
Use crítica textual e arqueologia para balancear leitura literária e evidência material.
Não evite a tensão: reconheça o problema moral e a necessidade de reflexão ética séria.
11. Pequena bibliografia orientadora (temas a procurar)
Se quiser, posso buscar e indicar obras específicas — por agora, procure:
Comentários bíblicos sobre Gênesis, Deuteronômio, Josué e Juízes.
Trabalhos sobre "herem" e guerra santa no AON.
Estudos sobre a ética da violência bíblica e a tradição rabínica sobre pena de morte.
Livros de teologia que tratam de justiça divina e do problema do mal.
12. Conclusão curta
Os relatos de mortes ordenadas por Deus no AT combinam elementos de juízo divino, preservação de identidade e linguagem cultural de guerra do AON. A tradição judaica (e boa parte da reflexão cristã) tende a moderar essas leituras: as leis têm salvaguardas, e muitos textos são entendidos em contextos específicos — não como autorização atemporal para violência indiscriminada. Ainda assim, esses textos confrontam a consciência moderna e exigem leitura honesta, crítica e pastoral.
Aqui vai uma bibliografia recomendada — com livros
(em inglês e alguns em português) que tratam da questão da violência divina, juízo, guerra sagrada e "herem" no Antigo Testamento / Bíblia Hebraica, a qual você pode usar como base para aprofundar o estudo. Dessas obras, você pode escolher aquelas mais alinhadas ao seu interesse (histórico, teológico ou ético).
Bibliografia recomendada
Making Sense of Old Testament Genocide: Christian Interpretations of Herem Passages – Christian Hofreiter (Oxford University Press, 2018)
Analisa como as passagens que ordenam "herem" (aniquilação de povos) foram interpretadas historicamente pela tradição cristã, com capítulos sobre leituras pré-críticas, leituras literais, figurativas, teóricas do "divine command",Scripture and Violence – Julia Snyder & Daniel H. Weiss (eds.) (Routledge, 2021)
Uma coletânea que aborda a relação entre textos sagrados (inclusive judaico-cristãos) e atos de violência no mundo real — útil para ver como o problema é tratado no âmbito mais amplo das Escrituras.Portraying Violence in the Hebrew Bible – Jerome F. D. Creach (ed.) (Interpretation: Resources for the Use of Scripture in the Church, Westminster John Knox, 2013)
Contém ensaios sobre como a violência é retratada no HB/AT, com bibliografia útil para temas de pureza, sacrifício, sangue, guerra. Parte da bibliografia aparece em listagens especializadas.War, Memory, and National Identity in the Hebrew Bible – Jacob L. Wright (Cambridge University Press, 2020)
Explora o tema da guerra, identidade nacional e memória no HB, o que ajuda a situar os textos de aniquilação no contexto de construção nacional de Israel.The Lord Kills and Brings to Life: Divine Violence in the Book of Samuel – Rachelle Gilmour (Oxford, 2021)
Traz uma análise específica sobre a violência divina no livro de Samuel, discutindo como Deus mata e vivifica, como consequência e ação divinas, tensão entre soberania humana/divina.(Em português) Embora menos numerosos em língua portuguesa, você pode procurar traduções ou adaptados como:
Deus um Monstro Moral? Fazendo Sentido do Deus do Antigo Testamento – Paul Copan (Baker Academic, 2011) — versão em português: "Deus um Monstro Moral? Fazendo Sentido do Deus do Antigo Testamento". Aparece em bibliografias especializadas sobre o tema.
Lista de obras / artigos
A violência nos escritos bíblicos – Pedro Pinto (2022)
Artigo em português que aborda: "a Bíblia, nomeadamente o Antigo Testamento, tem textos de violência insuportável" e analisa a violência nos livros de Josué, Deuteronómio etc.
Muito útil para discutir o tema de modo sistemático.
É o Deus da Bíblia vingativo, violento e exterminador? – Pedro Kramer (2019)
Estudo em português ("Estudos Bíblicos, vol.36, n.141, jan/jun 2019") que se debruça sobre violência e extermínio no AT, especialmente em Deuteronômio e livros de conquista.
Excelente para refletir eticamente sobre o tema.
Guerra santa e interdito em Josué – Joel Theodoro da Fonseca Jr. (2022)
Artigo em português que explora o conceito de "guerra santa" e "interdito divino" no livro de Josué, relevante para os casos onde Deus ordena destruição.
Violência e Santidade no Antigo Testamento – [Autor anónimo ou editado]
Livro em português: título "Violência e Santidade no Antigo Testamento" (edição eBook) que examina textos como Gênesis, Sodom e Gomorra, etc.
Bom para ver a dialética santidade/violência.
Antigo Testamento Interlinear Hebraico‑Português – Volumes diversos (ex: Vol.1 Pentateuco, Vol.3 Profetas)
Embora não seja especificamente sobre violência, esta ferramenta de estudo (em português) permite leitura direta dos textos hebraicos com português.
Fundamental se quiseres fazer exegese profunda.
História Bíblica: Antigo Testamento – Alfred Edersheim (edição portuguesa)
Livro clássico sobre contexto e história do AT. Útil para ver background histórico-cultural.
Embora não seja focado exclusivamente na violência, oferece base.
Confronting Old Testament Controversies: Pressing Questions about Evolution, Sexuality, History, and Violence – Tremper Longman III Confrontando as controvérsias do Antigo Testamento: questões urgentes sobre evolução, sexualidade, história e violência – Tremper Longman III
(em inglês, mas autor listado também em português para obras correlatas)
Pode haver tradução parcial ou capítulos em português — vale investigar.
Deus é um Monstro Moral? Entendendo o Deus do Antigo Testamento – Paul Copan (versão em português)
Aborda diretamente a questão da moralidade de Deus no AT – muito relevante. (Já mencionei anteriormente)
(Adicional) Artigos em revistas teológicas brasileiras/portuguesas que tratam de "herem", "guerra de conquista" e "interpretações rabínicas" — embora não tenha todos os títulos completos aqui, a busca em bases como SciELO, Biblioteca Digital Brasileira de Teses/Dissertações trará vários.
(Adicional) Trabalhos de pós-graduação/dissertações em português que abordam "violência no Antigo Testamento", "justiça de Deus no AT", "ética bíblica e guerra" — por exemplo, ver se há teses na Universidade de Lisboa, Universidade Aberta.
Aqui vai uma lista ampliada de obras recomendadas para estudar a violência, juízo, "herem" e a ação de Deus no Antigo Testamento, com tradução para o português (quando disponível) ou indicação de edição portuguesa/bra-língua. Algumas ainda só em inglês ou sem edição portuguesa certificada — mas incluí porque são muito relevantes. Para cada obra dou título original, autor, anotação breve e status de tradução.
Lista de obras recomendadas
Nº
Título (versão portuguesa, se houver)
Autor(es)
Tema / anotação
Situação tradução para português
1
Is God a Moral Monster? Making Sense of the Old Testament God / "Deus é um Monstro Moral? Entendendo o Deus do Antigo Testamento")
Paul Copan
Trata as acusações de que Deus no AT é moralmente problemático — analisa passagens difíceis, compara com contexto do AON, defende abordagem apologética.
Já existe edição em português: Deus é um Monstro Moral?
2
The Binding of Isaac: A Religious Model of Disobedience /
A Amarração de Isaac: Um Modelo Religioso de Desobediência
Omri Boehm
Estuda o episódio de Abraão e Isaque (Gn 22) em profundidade: desobediência, juízo, protagonismo divino-humano — relevante para entender violência/ordem divina.
Em inglês; não encontrei tradução portuguesa confirmada.
3
The Hebrew Bible: A Contemporary Introduction to the Christian Old Testament & the Jewish Tanakh /
Bíblia Hebraica: Uma Introdução Contemporânea ao Antigo Testamento Cristão e ao Tanakh Judaico
John Wiley & Sons / vários autores
Introdução académica ampla ao AT/HB, com temas de guerra, juízo, contextos históricos. Útil para base.
Em inglês; provavelmente sem tradução portuguesa ampla.
4
Antigo Testamento Interlinear Hebraico‑Português
(editores interlineares)
Ferramenta de estudo para ler hebraico e português lado-a-lado — ótimo para exegese que queres fazer.
Em português (interlinear) — sim.
5
A Bíblia em Portugal (Frei Herculano Alves)
Herculano Alves
Estudo histórico-cultural da recepção da Bíblia em Portugal — útil para ver tradição de leitura em língua portuguesa.
Em português.
6
A Bíblia em Portugal – Volume IV
Herculano Alves
Continuação do estudo anterior — contexto de interpretação, tradição, cultura.