Artigo do Pr.Carlos Souza
			            
Jesus cumpriu a lei ?
Pr.Carlos Souza
A obediência de Jesus ao Deus do Antigo Testamento é um pilar fundamental da fé cristã, servindo como a ponte que conecta as duas partes da Bíblia. A questão central não é apenas se Ele obedeceu à Lei, mas como essa obediência cumpriu o propósito divino e as profecias.
Longe de ser um revolucionário que destruiu a tradição, Jesus se apresentou como o Messias prometido que veio para validar, aprofundar e, finalmente, realizar tudo o que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó havia estabelecido. Ao declarar que não veio para "abolir, mas para cumprir" a Lei e os Profetas (Mateus 5:17), Ele confirmou a autoridade e a santidade das Escrituras hebraicas, garantindo a continuidade do plano de salvação de um único e imutável Deus.
Analisaremos a seguir como essa ideia se manifesta através da linguagem bíblica, da interpretação dos acadêmicos e do testemunho da igreja primitiva.
Fiz uma busca acadêmica ampla (artigos, teses e ensaios críticos) em fontes públicas sobre a questão "Jesus ter cumprido a Lei" e organizei os resultados em um resumo crítico e uma bibliografia anotada com obras representativas que cobrem as principais abordagens interpretativas. Vou primeiro dar um panorama das correntes teológicas principais encontradas e depois listar artigos / estudos-chave com uma pequena nota sobre cada um.
Panorama das principais abordagens acadêmicas
Cumprimento como inauguração escatológica / cumprimento histórico-salvífico — muitos estudiosos entendem o πληρόω/"cumprir" em Mateus 5:17 como anunciar que Jesus inaugura aquilo para que a Lei e os Profetas apontavam: a chegada do Reino. Nesse sentido Jesus "cumpre" no sentido de trazer à realidade aquilo que a Lei anunciou, não simplesmente executar cada prescrição ritual de forma técnica.
Cumprimento como interpretação normativa (Jesus reinterpreta a Lei) — a leitura da "antítese" em Mateus (as seis antíteses: "ouviste… eu, porém…" ) vê Jesus não como ab-rogar a Lei, mas como dar sua interpretação plena, revelando o padrão ético/teológico por trás dos mandamentos (righteousness/higher righteousness). Isso é tratado em trabalhos exegéticos sobre o sermão da montanha.
Cumprimento no pensamento paulino: Cristo como "telos/goal" da Lei — na tradição paulina (p. ex. Romanos, Gálatas) há leituras que entendem Cristo como o objetivo/finalidade (τέλος) da Lei: Ele cumpre a Lei por vivê-la perfeitamente e por remover a sua condenação para os crentes (substituição/redenção). Debates contemporâneos tratam de como conciliar Mateus e Paulo.
Cumprimento como cumulação tipológica / sacrificial / cultual — algumas pesquisas discutem se "cumprir" inclui o término dos sistemas sacrificial/cerimoniais (p. ex. interpretação que vê em Cristo o fim dos sacrifícios como meio) — há discussões teológicas e históricas aqui, e divergência entre tradições (católica/protestante/ortodoxa/judaizante).
Contexto judaico e semanticamente lexical — estudos em hebraico/aramaico mostram que o verbo traduzido por "cumprir" (lekayem/πληρόω) tinha sentidos múltiplos no contexto judaico tardio: estabelecer, confirmar, realizar, interpretar; isso ajuda a explicar a diversidade de leituras.
Visões críticas / revisionistas — há estudos que questionam se Jesus realmente observou todas as prescrições mosaicas (perspectiva histórica crítica) ou que veem o "cumprir" como um artifício teológico posterior do Evangelho de Mateus. Esses trabalhos tendem a distinguir "a tradição gospels" do "Jesus histórico".
Bibliografia anotada (seleção representativa — entrada + breve comentário)
Nota: selecionei estudos revisados por pares, teses universitárias, capítulos e revisões que frequentemente são citados nas discussões contemporâneas.
B. M. Trout, "The nature of the law's fulfilment in Matthew 5:17" ( A natureza do cumprimento da lei em Mateus 5:17") (estudo/exegese) — leitura escatológica/salvífica de Mateus: argumenta que Jesus cumpre a lei trazendo o que ela antecipava (chegada do Reino). Excelente para entender a abordagem bíblico-teológica.
D. VanDrunen, "Jesus Came 'Not to Abolish the Law but to Fulfill It'" ( Jesus veio "não para abolir a lei, mas para cumpri-la") (artigo 2020) — exegese detalhada de Mateus 5:17–48, com ênfase reformada/protestante sobre continuidade com a Lei e a função normativa da Lei após Cristo. Útil se você quiser argumento confessional conservador com erudição bíblica.
J. D. Brackens, "An Artificial Review of Jesus's Torah Compliance and What
( Uma revisão artificial da conformidade de Jesus com a Torá)…" (MDPI, 2024) — revisão moderna que compara posições acadêmicas e públicas sobre se Jesus obedeceu/foi um observador da Torah; traz discussões históricas e de recepção (útil para panorama contemporâneo).
Artigos / ensaios sobre Paulo e a Lei (síntese contemporânea) — várias revisões e artigos (p. ex. análises em Themelios e outros) tratam a noção de que "a lei é cumprida em Cristo" (Rom 10:4; Gal 3–4): fornecem a compreensão paulina da finalidade da lei e das implicações para cristãos gentios. Boa ponte entre exegese e teologia sistemática.
Estudos de contexto judaico (lekayem / πληρόω estudos) — ensaios e comunicação académica que analisam o verbo e o uso idiomático em fontes judaicas (o significado "estabelecer/confirmar/realizar"), que ajuda a interpretar Mateus sem anacronismos. Recomendo para quem quer a base lexical.
Teses e monografias sobre a Lei no NT / mudança de Aliança — há teses (ex.: dissertações e trabalhos de mestrado/doutorado) que discutem se e como a Lei foi reinterpretada no NT (algumas disponíveis em repositórios acadêmicos). Úteis para bibliografias extensas.
Conclusões provisórias (síntese)
Não há consenso único: o termo "cumprir" é polissêmico e as interpretações dependem do foco (exegese mateana, teologia paulina, contexto judaico, ou reconstrução histórica).
Dois eixos principais: (A) cumprimento como realização/culminação escatológica do que a Lei anunciava; (B) cumprimento como obediência/representação substitutiva (Cristo cumpre a Lei em nossa vez). Ambos são amplamente defendidos em literatura teológica, por vezes combinados.
Implicações práticas e teológicas: a maneira como se lê "cumprir" afeta visões sobre continuação da Lei para cristãos (júrisprudencia moral/ritual) e sobre a relação cristianismo-judaísmo.
O que eu já compilei para você (pronto para uso)
Resumo das correntes interpretativas (acima).
Lista anotada com artigos e estudos representativos (acima), com links para as fontes encontradas.
Identifiquei teses/universidades que publicaram estudos mais longos que servem como bibliografias ricas.
Jesus cumpriu a lei e obedeceu o Deus do antigo Testamento ?
A
relação de Jesus com o Deus do Antigo Testamento é uma das chaves
mais importantes para compreender a unidade das Escrituras e a
natureza da sua missão.
O Novo Testamento não apresenta um
novo Deus, mas revela o mesmo Deus que se manifestou a Abraão,
Moisés, Davi e aos profetas — o Deus
de Israel,
agora plenamente revelado em Cristo.
Jesus
viveu em total submissão
à vontade desse Deus,
chamando-o constantemente de "Pai"
e reconhecendo-o como Senhor
e Legislador,
o mesmo que entregou a Lei no Sinai e guiou o povo de Israel através
da história.
Cada palavra e cada ato de Jesus mostraram uma
perfeita obediência
filial:
Ele não veio introduzir uma religião nova, mas cumprir
e aperfeiçoar
a revelação já dada nas Escrituras do Antigo Testamento.
Quando foi tentado no deserto, respondeu com a própria Torá:
"Está escrito: Não só de pão viverá o homem... Não tentarás o Senhor teu Deus... Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele servirás." (Mateus 4:4, 7, 10)
Essas
palavras revelam quem era o Deus a quem Jesus servia — o
mesmo Senhor que falou por Moisés.
Por
isso Ele declarou:
"Não penseis que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir." (Mateus 5:17)
Cristo cumpriu a Lei não apenas por observância externa, mas por obediência perfeita de coração, revelando o verdadeiro sentido das ordenanças divinas: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Assim,
afirmar que Jesus
foi obediente ao Deus do Antigo Testamento
é reconhecer a continuidade entre o Sinai e o Calvário, entre a
promessa e o cumprimento, entre o Deus de Israel e o Pai revelado no
Filho.
Em Cristo, o Deus do Antigo Testamento não é negado,
mas plenamente revelado — o Deus da Aliança, agora manifesto em
amor, graça e verdade.
A resposta direta, com base nas Escrituras e na tradição cristã, é um sim enfático. Jesus não apenas obedeceu ao Deus do Antigo Testamento, mas também cumpriu e deu o significado final à Lei que esse Deus havia estabelecido.
1. O Que Dizem os Léxicos (Léxico Grego)
O cerne da questão está na palavra grega πληρoˊω (plēroō), traduzida como "cumprir" em Mateus 5:17 ("Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim para abolir, mas para cumprir.").
Os léxicos gregos (dicionários especializados) mostram que πληρoˊω tem um rico campo semântico que inclui:
Encher/Completar: Preencher algo completamente, de modo que nada falte.
Realizar/Executar: Levar a cabo um dever, uma promessa ou uma profecia.
Dar Sentido Pleno: Trazer algo ao seu fim ou objetivo intencional, tornando-o perfeito.
Portanto, "cumprir" não significa apenas "obedecer" (embora a obediência perfeita esteja implícita no ministério de Jesus), mas principalmente "levar ao seu destino" ou "dar a realização final" ao que a Lei e os Profetas prenunciavam.
2. A Visão dos Acadêmicos em Teologia
Os acadêmicos em teologia (estudiosos e exegetas) tendem a concordar que o "cumprimento" de Jesus (Mateus 5:17) é multifacetado:
Obediência Perfeita: Jesus viveu uma vida sem pecado, obedecendo perfeitamente às exigências morais da Lei (Êxodo 20). Essa obediência é essencial para que Ele pudesse ser o sacrifício sem mancha.
Fim da Lei como Meio de Justificação: O apóstolo Paulo, em Romanos 10:4, afirma que "o fim da Lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê." Muitos acadêmicos veem isso como Jesus sendo o objetivo e a realização da Lei, encerrando sua função como um caminho para a justiça própria.
Cumprimento Profético: Jesus realizou as profecias do Antigo Testamento sobre o Messias. A Lei e os Profetas (o Antigo Testamento inteiro) apontavam para Ele. O seu ministério, morte e ressurreição são a concretização de toda a história bíblica de Israel.
Interiorização e Expansão (Aprofundamento Moral): No Sermão da Montanha, Jesus não anula a Lei, mas aprofunda suas demandas, mostrando que ela atinge o coração e as intenções (ex.: ira é como assassinato, luxúria é como adultério). Jesus revela o significado original e perfeito da Lei de Deus.
Substituição do Sistema Cerimonial: As leis cerimoniais (sacrifícios, sacerdócio do Templo) foram cumpridas em Jesus, que se tornou o Sumo Sacerdote e o sacrifício perfeito e definitivo (Hebreus 7-10), tornando esses rituais obsoletos para o cristão.
a visão acadêmica mais aceita é que o Deus de Jesus é o mesmo Deus do Antigo Testamento, e que Jesus honrou esse Deus através de sua obediência completa e da realização do propósito divino para a Lei.
3. A Tradição Cristã do Primeiro Século
As evidências da tradição cristã primitiva encontram-se principalmente nos textos do Novo Testamento, que refletem as crenças e o ensino do primeiro século. Essa tradição é clara em afirmar a obediência de Jesus a Deus e o seu papel como o cumprimento da Lei:
O Testemunho de Jesus (nos Evangelhos): A afirmação de Mateus 5:17 é a base, onde Jesus se posiciona não como um destruidor, mas como o consumador da revelação anterior de Deus.
O Testemunho de Paulo: O apóstolo Paulo frequentemente defendeu que os cristãos não estão "sob a Lei", mas sempre enfatizou que a Lei é "santa, justa e boa" (Romanos 7:12) e que Cristo a cumpriu para a nossa justificação (Romanos 8:3-4). O amor, em Cristo, é visto como o "cumprimento da Lei" (Romanos 13:8-10). Isso demonstra que o Deus que exigiu a Lei é o mesmo Deus que providenciou a Cristo.
A Carta aos Hebreus: Argumenta que o novo sacerdócio de Jesus é superior e que o seu sacrifício é o cumprimento final de todos os sacrifícios da Antiga Aliança. Isso estabelece Jesus como o ponto culminante dos propósitos de Deus no Antigo Testamento.
O Contexto Judaico: Os primeiros seguidores de Jesus eram judeus que reconheceram em Jesus o Messias prometido pelo Deus de Israel, confirmando a continuidade e a realização das promessas e da Lei nesse mesmo Deus.
Portanto, a tradição cristã do primeiro século entendia que, ao cumprir a Lei, Jesus estava obedecendo perfeitamente e revelando plenamente a vontade do Deus de Israel (o Deus do Antigo Testamento), trazendo a Nova Aliança que era a consumação da Antiga.
Visão da Patristica sobre a Lei e Jesus
Os
Pais
da Igreja
compreenderam a relação de Jesus com a Lei de Moisés dentro da
continuidade e do cumprimento da revelação divina.
Para eles,
Cristo não
destruiu a Lei,
mas a
levou à sua plenitude,
revelando o sentido espiritual e definitivo daquilo que fora dado a
Israel.
A Lei mosaica era vista como preparação
pedagógica
(a paideía
de Deus) para conduzir a humanidade à fé no Evangelho.
Entre os pais da igreja, patristica havia um consenso amplo — Jesus cumpre a Lei — mas cumprir é entendido de modos relacionados e complementares: (a) Jesus cumpriu a Lei vivendo-a perfeitamente (obediência exemplar), (b) cumpriu os tipos e cerimônias (sacrifícios, sacerdócio, festas) ao realizá-los em si mesmo, (c) confirmou e levou aos seus limites morais e espirituais a Lei (interpretação espiritual/ontológica), e (d) por isso algumas prescrições cultuais perdem sua função enquanto a exigência moral permanece.
Vejamos alguns textos patristicos representativos.
1) Padrões comuns entre a patristica
Cumprimento por obediência pessoal — muitos Padres destacam que Cristo obedeceu absolutamente à Lei: sem transgressão, ele realizou o que a Lei exigia. (ex.: João Crisóstomo em suas Homilias sobre Mateus).
Cumprimento tipológico e cultual — os ritos, sacrifícios e tipologias do AT apontavam para Cristo; ao vir, ele "cumpre" (realiza) o significado desses sinais (Ireneu e outros).
Cumprimento como interpretação espiritual/moral — Cristo não vem para abolir a Lei, mas para "preencher" seu sentido pleno, exigindo uma justiça superior (mais profunda que a observância externa). Isso é uma leitura comum na exegese patrística de Mateus 5:17–48.
Consequência prática: culto/cerimônia vs. lei moral — muitos Padres distinguem o fim da função sacrificial e cerimonial (estas acham cumprimento em Cristo) da permanência da lei moral (por exemplo amor, justiça). Alguns (especialmente na tradição ocidental) explicitam que a Lei "permanente" é a moral/decálogo.
2) O que alguns padres importantes escreveram (síntese por autor)
Justino Mártir (séc. II) — argumenta apologeticamente que o Cristianismo é a realização da Lei e das profecias; mostra como os ritos e o sentido da Lei encontram sua verdade em Cristo e na nova "lei" do Evangelho. (Dialogo com Trypho).
Ireneu de Lyon (séc. II) — vê Cristo como aquele que não anulou a Lei, mas a cumpriu, realizando os ofícios (pressupostos do sacerdócio, cura, expiação) e assim removendo a condenação que a Lei, por si só, impõe ao homem.
Orígenes (séc. III) — comenta longamente Mateus; lê "cumprir" tanto no sentido de realizar as profecias/tipos quanto no sentido de explicar espiritualmente a Lei, mostrando sua plena coerência em Cristo e deslocando a ênfase da letra para a interpretação espiritual.
João Crisóstomo (séc. IV, Oriente) — nas suas homilias sobre Mateus explica que Cristo cumpriu a Lei de várias maneiras: por não violá-la, por realizar seus tipos e por permitir que a justiça da Lei seja aplicada a nós mediante Ele — e ainda que Ele nos dá a capacidade (pela graça) de viver segundo a Lei.
Athanasius (séc. IV) — na reflexão sobre a Encarnação e a Redenção apresenta a ideia de que o Verbo encarnado era necessário para "cumprir" o que a Lei e a condição humana demandavam (p.ex. "a lei da morte" é abolida em Cristo porque Ele a cumpriu em seu corpo).
Agostinho (séc. IV–V, Ocidente) — distingue o valor da lei "por letra" (que mata sem o Espírito) e a lei enquanto norma moral permanente; para Agostinho Cristo cumpre a Lei e, ao mesmo tempo, mostra que a justificação não vem pela letra, mas pela graça; o Sermão da Montanha é interpretado como intensificação/explicitação do conteúdo moral da Lei.
3) Principais modos patristicos de entender "cumprir" (palavras-chave patristicas)
Realizar/consumar os tipos (p. ex. sacrifícios, sacerdócio, páscoa) — Ireneu, muitos orientais.
Obedecer perfeitamente — Crisóstomo e tradições que enfatizam a exemplaridade de Cristo.
Confirmar/aperfeiçoar a Lei moral — Agostinho e comentadores que não querem ver a Lei como abolida, mas como espiritualmente cumprida.
Interpretar espiritualmente / "elevar" o sentido da Lei — Orígenes e exegese alegórica/espiritual.
4) Questões de controvérsia ou nuances
Os Padres raramente dizem que a Lei inteira (todas as 613 prescrições) continua obrigatória na mesma forma ritual — a tendência patrística maior é ver cerimônias e tipos apontando para Cristo (cumpridos por Ele) e, portanto, sua função ritual terminal, enquanto a exigência moral permanece transformada pela graça.
Heterogeneidade — há variação entre Oriente e Ocidente e ao longo dos séculos; alguns Padres (ou textos patrísticos usados por movimentos cristãos posteriores) às vezes ressaltaram continuidade legal maior ou menor conforme a necessidade pastoral/teológica da comunidade.
Fontes primárias / leituras recomendadas (alguns links representativos que usei)
Ireneu, Against Heresies (liv. IV — sobre Cristo e a Lei).
Justino Mártir, Dialogue with Trypho (defesa de que Cristo realiza a Lei e as profecias).
Orígenes, Commentary on Matthew (comentários sobre Mateus 5:17 e Sermão da Montanha).
João Crisóstomo, Homilies on Matthew (Homilia 16 e seguintes sobre "cumprir a Lei").
Agostinho — vários trechos (p.ex. On the Spirit and the Letter; comentários ao Sermão da Montanha).
Atanásio, On the Incarnation (sobre porque o Verbo teve de se tornar homem para cumprir o desígnio salvífico).
Principais posições teológicas históricas
Aqui vai um panorama bem documentado do que vários teólogos acadêmicos ao longo da história — patrísticos, medievais, reformadores, modernos — disseram sobre Jesus ter cumprido a Lei. Posso depois se quiser focar em alguns períodos ou tradições específicas.
Principais posições teológicas históricas
Teologia Patrística e Medieval
Teólogos como Tomás de Aquino veem "satisfação" da Lei, não apenas no sentido de morrer pelos pecados, mas também no sentido de que Jesus, em sua vida, perfect obedience (obediência ativa) obedeceu perfeitamente à Lei de Deus, inclusive à Lei Mosaica, cumprindo tudo que ela exigia. Aquino elabora que a Nova Lei (Lei em Cristo / Lei do Evangelho) "cumpre" a Antiga Lei ao suprir o que lhe faltava, especialmente em relação à justificação, que a Lei antiga tipificava, mas não podia realizar plenamente.
Reforma (Luteranismo, Calvinismo)
Martim Lutero: declara que Cristo cumpriu a Lei por nós ("active obedience" — Cristo guardou todos os mandamentos), e também sofreu ("passive obedience") o castigo que a Lei demandava devido ao nosso pecado. Isso é essencial na doutrina da justificação: a justiça de Cristo é imputada ao crente.
João Calvino: reforça que Cristo "cumpriu" não apenas no sentido de obediência moral e ritual, mas que Ele "terminou" a Lei cerimonial. Ou seja, uma parte da Lei (cerimonial) era uma sombra ou tipo que apontava para Cristo; essa parte é cumprida e assim ab-rogada em seu uso, embora seu significado, ou o que ela representava, continue válido. A Lei moral continua como guia de vida, mas a justificação é baseada na obediência e obra de Cristo.
Teólogos modernos / contemporâneos
A tradição reformada moderna (e teólogos no protestantismo histórico) geralmente mantêm os conceitos de obediência ativa (Jesus cumprindo todos os mandamentos da Lei) + passiva (sofrimento, morte) como parte da expiação. Essa combinação permite afirmar que "Jesus cumpriu a Lei" de forma plena, inclusive obedecendo à Lei moral, cumprindo sua justiça exigida. Exemplo: artigos sobre a "active/passive obedience of Christ".
Há ainda teólogos que enfatizam que "cumprir" (como em Mateus 5:17) não significa simplesmente obedecer cada preceito literal, mas que Jesus dá interpretação plena à Lei, revela seu sentido interior, conclui as profecias, realiza os tipos/rituais (ou aponta para seu cumprimento), etc. Esse enfoque aparece em escritos exegéticos contemporâneos de estudiosos do Novo Testamento.
Algumas obras / teólogos específicos com observações
Teólogo
Obra / Localização
O que afirma sobre o "cumprir a Lei"
Tomás de Aquino
Summa Theologica, I-II, Q.107, etc.
Jesus cumpre a Lei em obras e em doutrina: Ele observa os mandamentos, cumpre cerimônias quando eram exigidas, corrige interpretações erradas (por exemplo na letra vs espírito), acrescenta conselhos de perfeição. A Lei cerimonial foi cumprida, mas o significado permanece.
Martim Lutero
vários escritos de Reforma, Sermões, Disputações
Cristo obedeceu à Lei em nosso lugar ("active obedience") e sofreu a penalidade exigida ("passive obedience"). Cristo "cumpriu toda a justiça". Portanto, a Lei não condena mais os cristãos porque Cristo a satisfez.
João Calvino
Institutes of the Christian Religion
Cristo veio "sob a Lei" (Gal. 4:4), observou-a, cumpriu a parte cerimonial que era tipo, trouxe a completude do significado da Lei. A Lei moral permanece, mas sua punição ou exigência condenatória para crer é removida pela justiça de Cristo imputada.
John Owen (na tradição reformada)
Sobre a obediência ativa e passiva de Cristo
Ele argumenta que é necessário que Cristo tenha não apenas morrido, mas também vivido em obediência perfeita à Lei. Esse "cumprimento" da Lei é imputado ao fiel, parte da base da justificação. (Isso é comum em teologia reformada clássica.)
Questões de debate / nuances
Que partes da Lei foram "cumpridas" literalmente vs tipologicamente: rituais, cerimoniais, leis civis mosaicas vs a Lei moral (como os Dez Mandamentos). Há variação entre teólogos sobre se todas as observâncias cerimoniais são cessadas, ab-rogadas, ou modificadas, ou se apenas o uso delas.
Obrigatoriedade para os cristãos: mesmo quando afirmam que Jesus "cumpriu a Lei", muitos teólogos distinguem entre "lei como condenação" (já satisfeita em Cristo) e "lei como guia moral/ética" (que continua a ter algum papel para o crente).
Imputação da justiça de Cristo: existe a articulação entre a obediência ativa de Cristo e como ela é contada para os crentes. Alguns teólogos (no protestantismo reformado) insistem que a justiça de Cristo é imputada ao crente, de modo que o crente é considerado conforme a obediência de Cristo.
Cumprimento vs ab-rogação: "cumprir" nem sempre significa abolir; pode significar "completar", "levar até seu termo", "realizar plenamente". Alguns mandamentos específicos são considerados ainda válidos ou reiterados no Novo Testamento; outros, especialmente cultuais, foram tipificados e cumpridos, de modo que seu uso cerimonial já não se aplica.
Jesus obedeceu o Deus do Antigo Testamento ?
Essa é uma questão bem profunda: se, porque Jesus cumpriu a Lei, Ele obedeceu ao Deus do Antigo Testamento — Deus de Abraão, de Moisés, de todas as Escrituras hebraicas. Vou examinar o que dizem os léxicos (isto é, análise do grego/aramaico bíblico), os académicos modernos, e o que se conhece da tradição cristã primitiva (século I), sobre essa ligação, para ver o quanto há de consenso ou de debate.
Léxicos / análise lingüística
Um léxico nos dá como "obedecer" se expressa no grego (NT) ou no hebraico (AT), e ajuda a ver em que sentido Jesus poderia "obedecer" ao Deus do AT.
Em Hebreus 5:8, aparece a expressão grega "ἔμαθεν ὑπακοήν" (emathen hypakoēn): "aprendeu obediência" ou "aprendeu obediência" pelo que sofreu. O léxico mostra que hypakoēn vem de hypakouó, que significa "ouvir sob", "escutar com submissão", "agir em resposta à autoridade".
O emprego de "obedecer" no NT normalmente envolve obediência ao Pai ou a Deus, ou à vontade de Deus, e em muitos casos, Jesus é apresentado como aquele que age obedecendo ao Pai. Não há muitos versículos explícitos que digam "Jesus obedecia ao Deus de Moisés (YHWH)" com esses termos exatos, mas a prática teológica supõe isso consistentemente.
O que o léxico mostra, então, é que o termo "obedecer" no NT é consistente com subordinação funcional à autoridade divina, e que em passagens como Hebreus 5:8, "Jesus como Filho aprendeu obediência" implica agir conforme vontade do Pai — que é, nesse contexto, o Deus do AT (pois o autor de Hebreus opera numa tradição judaico-cristã que reconhece as Escrituras hebraicas como Escrituras de Deus).
O que dizem os acadêmicos modernos
Scholars modernos abordam essa pergunta de vários ângulos: obediência de Jesus, identidade de Deus no Antigo e Novo Testamento, continuidade de Deus.
Aqui estão alguns pontos importantes:
Continuidade de Deus: quase todos os estudiosos sérios afirmam que o Deus que Jesus chama de Pai é o mesmo Deus revelado nas Escrituras do Antigo Testamento. Há tensões quanto à forma como Ele se revela (por exemplo identidade do Filho, Trindade, etc.), mas não há negação séria, no primeiro século, de que existia uma continuidade.
Obediência de Jesus:
Estudiosos apontam passagens onde Jesus faz orações ao Pai, onde Ele afirma que veio fazer não a sua vontade, mas a vontade do Pai (ex.: João 6:38). Isso pressupõe obediência à vontade de Deus, que coincide com o Deus do AT.
No Sermão da Montanha e em Mateus 5:17–48, Jesus afirma que não veio abolir a Lei ou os Profetas, mas cumpri-las, e que até o menor "iota" ou "ponto da letra" não passará até que tudo se cumpra. Isso implica que Ele considera a Lei do AT (e a autoridade das Escrituras hebraicas) válida e obedecível.
Debates acadêmicos:
Alguns questionam: se Jesus é divino, em que sentido Ele "aprendeu" obediência? Será que "aprendizagem" é no sentido humano da experiência, não implicando imperfeição moral ou ignorância, mas uma manifestação no humano. Isso aparece na exegese de Hebreus.
Outra linha de debate é até que ponto a obediência de Jesus implicava observância literal de todas as prescrições cerimoniais da Lei judaica, ou algumas foram reinterpretadas/tipificadas como cumpridas em Cristo.
Identidade divina de Jesus vs. Deus do Antigo Testamento: acadêmicos discutem como passagens do NT usam textos do AT aplicados a Jesus — por exemplo o uso de "Kyrios" (Senhor) como tradução de YHWH na Septuaginta. Essas referências sugerem que Jesus é identificado de maneira única com o Deus a quem as Escrituras hebraicas se referem. Exemplo: no NT, quando se cita "O SENHOR disse ao meu Senhor…" (Salmo 110) aplicando-se a Cristo; ou os hinos cristológicos (filho de Deus, Palavra de Deus) que se baseiam no AT.
Tradição do primeiro século / cristãos judeus primeiros
O que sabemos da tradição cristã primitiva (século I) ou dos primeiros seguidores judeus de Jesus:
Os cristãos judeus do século I continuavam a usar as Escrituras hebraicas (Lei, Profetas, Escritos). Eles consideravam essas Escrituras como autoridade divina. Jesus, como judeu, viveu dentro desse ambiente: nas sinagogas, frequentava as festas, citava os profetas, lia as Escrituras. Em Lucas 4:16-21 Ele lê no roll de Isaías, manifesta confiança nas profecias. Isso pressupõe que Ele reconhecia a autoridade do AT.
Há evidência nos evangelhos de que Jesus via Deus como Pai, e usava linguagem familiar das Escrituras judaicas para se referir a Deus. Ele vivia em diálogo com a Lei, com os mandamentos, com as tradições judaicas.
Os primeiros cristãos (apóstolos, comunidades do século I) entenderam Jesus como aquele que veio "sob a Lei" (por exemplo, Gálatas 4:4: "nascido de mulher, nascido sob a Lei"), o que indica que Ele estava legalmente (e teologicamente) sob a Lei de Moisés, e assim implicaria obediência ao Deus que instituiu a Lei.
Não há nos escritos do século I nenhum grande escritor cristão sobrevivente que diga que Jesus não obedecia ao Deus de Israel. As controvérsias teológicas (como com Marcião no século II) mostram que já havia algumas posições dissidentes, mas essas foram consideradas heresias. A tradição "ortodoxa" primitiva partilhava a convicção de que Jesus obedecia ao Deus de Abraão, de Moisés.
Síntese: então, sim — mas com matizes
Com base nessas fontes, dá pra dizer:
Sim, Jesus obedeceu ao Deus do Antigo Testamento, no sentido de que Ele reconheceu as Escrituras hebraicas como autoridade; Ele fez a vontade de Deus como expressa nessas Escrituras; Ele "viveu sob a Lei" (ou "sob a Lei da Lei", no sentido de relacionamento obediente com Deus); Ele orou, se submeteu ao Pai que é Deus de Israel.
Os
	matizes são importantes:
	o que significa "obedecer" no contexto da divindade
	‒ Jesus, embora divino, assume a natureza humana, com seus
	limites humanos, e nessa natureza Ele "aprende" obediência pelo
	sofrimento.
o que exatamente da Lei está em questão (moral, cerimonial, civil). Algumas prescrições cerimoniais são entendidas como cumpridas em Cristo de modo tipológico, mas a obediência moral (amar a Deus, amar ao próximo etc.) permanece como expressão da vontade de Deus.
A experiência da tradição cristã primitiva unifica Jesus com o Deus do Antigo Testamento, não apenas como obediente, mas como aquele que revela plenamente Deus: Ele fala, age, interpreta a Lei, executa juízo, etc.
Deus do Antigo Testamento e Jesus
Abaixo você encontrará uma compilação exaustiva de textos onde Jesus e os apóstolos fazem menção explícita ou implícita ao Deus do Antigo Testamento (AT), mostrando que eles reconhecem YHWH — o Deus de Abraão, Isaque e Jacó — como o mesmo Deus que servem, obedecem e revelam.
Dividi o material em três blocos:
JESUS MENCIONA OU SE REFERE AO DEUS DO ANTIGO TESTAMENTO
Tema
Texto
Observação
Deus de Abraão, Isaque e Jacó
Mateus 22:31–32; Marcos 12:26–27; Lucas 20:37–38
Jesus cita Êxodo 3:6 ("Eu sou o Deus de Abraão...") para mostrar que o Deus do AT é Deus dos vivos.
Deus como Criador
Mateus 19:4–6 (citando Gênesis 1–2)
Jesus remete à criação de Adão e Eva como obra do mesmo Deus.
Lei e Profetas
Mateus 5:17–18
"Não penseis que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir." Reconhece autoridade do AT.
Shema Israel
Marcos 12:29–30
Jesus cita Deuteronômio 6:4–5: "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor." Ele reafirma o monoteísmo de YHWH.
Tentação no deserto
Mateus 4:4,7,10
Jesus cita Deuteronômio 8:3; 6:16; 6:13 contra Satanás, confirmando que serve o mesmo Deus da Torá.
Jesus ora ao Pai como Deus de Israel
João 17:1–3
"Pai… esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." — continuidade direta com o Deus de Israel.
Citação do Salmo 22
Mateus 27:46
"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" — citação direta do Salmo 22:1 (Deus de Davi).
Deus do templo
Mateus 21:13
Jesus cita Isaías 56:7 ("Minha casa será chamada casa de oração") — identificando o templo de YHWH com o Pai.
Promessas Abraâmicas
João 8:56
"Abraão exultou por ver o meu dia; viu-o e alegrou-se." — reconhece o mesmo Deus que fez promessas a Abraão.
Jesus identifica o Pai com o Senhor de Davi
Mateus 22:41–45
Cita Salmo 110:1 — o "Senhor" de Davi é o Pai, e Ele próprio é o "Senhor" a quem Davi se refere.
OS APÓSTOLOS SE REFEREM AO DEUS DO ANTIGO TESTAMENTO
Tema
Texto
Observação
Deus de Abraão, Isaque e Jacó
Atos 3:13; Atos 7:32
Pedro e Estêvão invocam o "Deus de nossos pais" — exatamente o mesmo Deus de Êxodo 3:6.
Citação direta da Torá
Romanos 4:3; Gálatas 3:6
Paulo cita Gênesis 15:6 — "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado por justiça."
Citações dos Profetas
Romanos 9:25–29; Atos 13:40–41
Paulo e outros citam Oséias, Isaías e Habacuque, sempre como autoridade divina.
Deus de Israel é Pai de Jesus Cristo
2 Coríntios 1:3
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo." — mesmo Deus revelado agora como Pai.
Deus Criador
Atos 17:24–26
Paulo prega em Atenas sobre "o Deus que fez o mundo e tudo o que nele há" — citando categorias de Gênesis.
O Deus de Israel é quem ressuscitou Jesus
Atos 2:24, 32
Pedro declara: "Deus o ressuscitou." O mesmo Deus das promessas do AT.
Citação dos Salmos sobre o Messias
Atos 2:25–36; Hebreus 1:5–13
Aplicam textos de Davi a Jesus, mostrando que o mesmo Deus inspirou e cumpre as profecias.
Apóstolos invocam as Escrituras
2 Timóteo 3:15–16
"Desde a infância sabes as sagradas letras... toda Escritura é inspirada por Deus." — referência direta ao AT.
Deus de Israel chama os gentios
Romanos 15:8–12
Paulo cita Deuteronômio, Salmos e Isaías para mostrar que o Deus de Israel incluiu os gentios.
Promessa davídica cumprida
Atos 13:22–23, 32–33
Deus prometeu (Salmo 2) e cumpriu em Jesus, mostrando continuidade direta.
TRADIÇÃO CRISTÃ DO PRIMEIRO SÉCULO — CONTINUIDADE TEOLÓGICA
1. As comunidades cristãs primitivas (Atos 2–15)
Continuavam frequentando o Templo (At 2:46) e as sinagogas (At 13:14; 14:1).
Oravam ao Deus dos pais (At 4:24: "Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há" — citação direta de Êxodo 20:11).
Usavam as Escrituras Hebraicas como autoridade (At 17:2; 18:28).
2. Epístolas apostólicas
Todas as cartas do NT tomam o Deus do AT como fundamento teológico:
Paulo cita Gênesis, Êxodo, Levítico, Deuteronômio, Salmos, Isaías, Oséias, Habacuque e outros.
Pedro cita Levítico 11:44 ("Sede santos, porque Eu sou santo") em 1 Pedro 1:16.
Hebreus é uma releitura teológica de Levítico e Êxodo, mostrando Cristo como cumprimento do sacerdócio e sacrifícios.
3. Comunidade judaico-cristã de Jerusalém
Tiago, o irmão do Senhor, escreve: "Deus é um só" (Tiago 2:19; eco de Deuteronômio 6:4).
A "igreja primitiva" via a fé cristã como cumprimento das promessas do AT, não como ruptura.
SÍNTESE TEOLÓGICA
Aspecto
Jesus
Apóstolos
Reconhecimento de YHWH
Cita e ora ao Deus de Abraão, Moisés e Davi.
Identificam "Deus e Pai de Jesus Cristo" com o Deus de Israel.
Uso das Escrituras Hebraicas
Cita constantemente Torá, Profetas e Salmos.
Pregam com base nelas; o "Evangelho" é cumprimento das profecias.
Continuidade teológica
Vê a Lei e os Profetas como prenúncio do Reino.
Interpretam Cristo como o cumprimento das promessas do AT.
Conclusão
De
Gênesis a Apocalipse, não
há ruptura
entre o Deus do Antigo e o do Novo Testamento.
Jesus e os
apóstolos:
Citam o AT como autoridade divina.
Identificam o Deus de Israel como o Pai.
Veem em Cristo o cumprimento das promessas e não a negação delas.
Entendem que o mesmo Deus que falou "no passado pelos profetas" agora "nos falou pelo Filho" (Hebreus 1:1–2).