Artigos do Pr.Carlos Souza

17-10-2025

"Encontrado pão com rosto e figuras de Jesus"

Pr.Carlos Souza

A Arqueologia atua como uma ponte essencial entre o passado e o presente, oferecendo evidências materiais que tanto confirmam quanto contextualizam as grandes narrativas históricas e religiosas. Ao focar em achados como os pães rituais da Anatólia (Atual Turquia), datados entre os séculos VII e VIII d.C., que apresentam símbolos cristãos como a cruz e, possivelmente, a efígie de Cristo, mergulhamos em um campo fascinante: a interação entre cultura material, fé e história cristã primitiva.

Estes artefatos não são meros vestígios, mas sim poderosos documentos que iluminam a vida das comunidades cristãs da antiga "Anatólia", o coração do Império Bizantino, durante um período de profunda transformação e turbulência – marcado pelas tensões da Iconoclastia e pelas pressões das expansões muçulmanas. O pão, na tradição cristã, transcende sua função alimentar; ele é o núcleo da Eucaristia, o sacramento central instituído por Jesus, que se autodenominou o "Pão da Vida" (João 6:35).

A análise desses pães rituais e seu contexto histórico-cultural nos permite traçar uma linha direta entre os ensinamentos de Jesus contidos na Bíblia, a consolidação da Tradição Cristã no início da Idade Média e a manifestação tangível da fé e da resiliência cristã em uma das regiões mais importantes para o desenvolvimento do Cristianismo.

séculos VII e VIII d.C.

Neste período, a maior parte da Turquia moderna correspondia à Anatólia e fazia parte do coração do poderoso Império Bizantino (o Império Romano do Oriente), cuja capital era Constantinopla (atual Istambul). A vida ali era profundamente moldada por dois fatores principais: a Fé Cristã e a Pressão Militar Externa.

1. O Império Bizantino: O Coração Cristão da Época

No século VII e VIII, o Império Bizantino era essencialmente um Estado Cristão.

  • A Presença Cristã Dominante: A Anatólia era o berço ou palco de muitos dos primeiros e mais importantes eventos do Cristianismo. As "Sete Igrejas da Ásia Menor" (mencionadas no Livro do Apocalipse) estavam localizadas ali (Éfeso, Esmirna, etc.), e a região havia sediado a maioria dos primeiros Concílios Ecumênicos que definiram a doutrina cristã (como Nicéia e Calcedônia).

  • os cristãos viviam ali neste periodo, e eles constituíam a vasta maioria da população. O Cristianismo Ortodoxo era a religião oficial do Estado, e a vida era regida por preceitos religiosos.

  • Constantinopla: A capital, Constantinopla, era a maior e mais rica cidade do mundo cristão, um centro cultural, político e, acima de tudo, religioso (a Igreja de Santa Sofia era a maior basílica cristã do mundo).

  • Controvérsias Internas: Este período também foi marcado por grandes debates teológicos, como o movimento Iconoclasta (que proibia a veneração de ícones religiosos, como as imagens de Cristo), que dividiu a população e a liderança da Igreja. A Iconoclastia, iniciada no século VIII, mostra como a religião não era apenas uma questão de fé, mas a base da política e da vida cotidiana.

2. O Perigo e a Transformação: As Invasões Árabes

Os séculos VII e VIII foram um período de crise para Bizâncio devido à rápida expansão do Islã a partir da Península Arábica.

  • Perda de Territórios: O Império sofreu perdas catastróficas. No século VII, os muçulmanos conquistaram vastos territórios bizantinos no Levante (Síria, Palestina, incluindo Jerusalém em 637) e no Norte da África (Egito).

  • A Luta pela Anatólia: A Anatólia se tornou a linha de frente do conflito. As forças árabes lançavam incursões e cercos quase anuais contra o território, chegando a cercar Constantinopla repetidamente (o Grande Cerco de 717-718 d.C. foi particularmente famoso).

  • Militarização da Sociedade: Para sobreviver, o Império Bizantino se militarizou profundamente. O sistema administrativo foi reformulado, criando os Temas (distritos militares) na Anatólia, onde o governo civil e militar era combinado sob um comandante (o Estrategos). Isso transformou a Anatólia em uma sociedade de fronteira, focada na defesa.

3. O Contexto do Artefato (Os Pães)

Os pães cristãos do século VII/VIII d.C. encontrados na Turquia refletem perfeitamente este cenário:

  • Resiliência Cristã: O fato de artefatos litúrgicos estarem sendo produzidos e utilizados demonstra que, apesar da guerra constante e das tensões internas (como a Iconoclastia), as comunidades cristãs na Anatólia mantiveram vivas e ativas suas tradições litúrgicas e culturais.

  • A Importância do Símbolo: Em um momento de crise e incerteza, o uso de um pão com o símbolo da cruz ou a imagem de Cristo no principal ritual (a Eucaristia) teria servido como uma poderosa declaração de fé, identidade e esperança contra a ameaça externa e como um fator de coesão comunitária.

Em resumo, a Turquia dos séculos VII e VIII (Anatólia) era o baluarte cristão do Império Bizantino, uma região sob constante ataque, mas profundamente enraizada na fé, onde a vida cotidiana, a política e a identidade eram inseparáveis do Cristianismo.

A arqueologia bíblica

e cristã não trata apenas de ossos, templos ou inscrições — também estuda objetos cotidianos que testemunham como a fé se manifestava no dia a dia: artefatos litúrgicos, restos de alimento, utensílios, inscrições devocionais. Entre esses achados, alguns dos mais comoventes são aqueles que ligam diretamente à Eucaristia ou ao simbolismo do pão, central no cristianismo como imagem de Jesus como "pão da vida", provedor, milagreiro.

Recentemente, arqueólogos na Turquia (região da Anatólia) descobriram cinco pães carbonizados datados do século VII-VIII d.C. em Topraktepe (antiga Eirenepolis), na província de Karaman. Um desses pães traz uma inscrição em grego: «Com gratidão ao Jesus bendito» ("With Gratitude to Blessed Jesus"), além de uma figura de Cristo em estilo pouco comum — uma iconografia chamada de "Cristo agricultor" ou "Cristo semeador".

Outros pães achados têm cruzes ou símbolos semelhantes que sugerem uso litúrgico (por exemplo, para a Comunhão ou Eucaristia).

Esse tipo de descobrimento é raro porque pão é matéria orgânica, que se deteriora facilmente; a preservação se deu por carbonização — uma situação excepcional que "congela" o objeto ao destruir-se por fogo, mas mantendo forma, inscrições, relevos.

Relação com os textos bíblicos

A Bíblia associa fortemente o pão a Jesus, tanto nos milagres que ele realizou quanto nos símbolos centrais da fé cristã. Alguns textos relevantes:

  • "Multiplicação dos pães e peixes" (Mt 14:17-21; Mc 6:30-44; Lc 9:15-17; Jo 6:5-14) — em que Jesus toma os pães, dá graças, parte-os e os distribui. Por exemplo, Mateus 14:17-21:

    "Eles disseram: «Senhor, não temos aqui senão cinco pães e dois peixinhos.» Ele, porém, lhes disse: «Trazei-mos cá.» E, havendo mandado que a multidão se assentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois peixes; e, olhando para o céu, os abençoou, partiu os pães, e deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão."
  • "Eu sou o pão da vida" (João 6) — Jesus fala de si mesmo como aquele que dá vida eterna, contrastando com o pão físico (que satisfaz temporariamente) vs. o pão que desce do céu e dá vida para sempre. Isso mostra como o pão tornou-se símbolo teológico central nas sagrada escritura.

  • Fractio Panis ("quebrar do pão") — na tradição dos primeiros cristãos, o "partir do pão" era uma frase usada para referir-se à Eucaristia ou culto cristão na comunidade. Isso aparece em referências do Novo Testamento ("quando tomava o pão...") e nos atos litúrgicos da Igreja antiga.

Significado cultural, litúrgico e simbólico

  • Na cultura judaica pré-cristã, o pão já era central: alimento básico, simbolizando provisão de Deus (manna no Êxodo, etc.). O cristianismo cristianizou esse simbolismo, vendo-o não só como alimento físico mas também espiritual.

  • A Eucaristia (ou Santa Ceia, Comunhão) nasce do costume judaico de abençoar e partir o pão, agora repleto de nova significação: o corpo de Cristo, memória de sua paixão, presença espiritual. A liturgia do pão tornou-se ritual central em todas as tradições cristãs.

  • Os símbolos visuais no pão litúrgico (cruz, inscrições, imagens) reforçam a devoção, a identidade comunitária, e a participação no mistério de Cristo. O achado dos pães em TurquIa ilustra isso: não só se partia pão, mas decorava-se, agradecia-se explicitamente a Jesus, expressando gratidão e fé numa fé vivida na periferia do mundo cristão.

Reflexões com base no achado da Turquia

  • Esse tipo de artefato fornece evidências físicas de práticas litúrgicas cristãs em áreas rurais ou menos centrais dos impérios bizantino, mostrando que a Eucaristia e a devoção a Cristo eram muito mais difundidas e concretas do que apenas em centros urbanos ou locais "oficiais".

  • A iconografia incomum ("Cristo agricultor/semeador") sugere uma fusão entre a vida agrária, as necessidades reais do povo, e a fé: Jesus como aquele que cultiva, semeia, providencia — não apenas como figura majestosa ou distante, mas como parte do ciclo de sustento humano. Isso pode ecoar a metáfora que Jesus mesmo usa: "Eu sou o pão da vida", "semeador", "grãos de trigo", etc.

  • A inscrição "Com gratidão ao Jesus bendito" atesta uma religiosidade pessoal/comunitária, de louvor, de gratidão. Não é apenas um objeto litúrgico frio: é um testemunho de fé.

Os Pais da Igreja e a Refutação de Marcião: A Defesa da Unidade das Escrituras e da Fé Apostólica

Autor, Pr.Carlos Souza

Entre os séculos II e III da era cristã, a Igreja primitiva enfrentou intensos desafios doutrinários que colocaram à prova a integridade da fé recebida dos apóstolos. Dentre as heresias que surgiram nesse período, o marcionismo se destacou pela sua abrangência e pelo impacto que exerceu sobre a formação da teologia cristã e do cânon do Novo Testamento. Fundado por Marcião de Sinope (c. 85–160 d.C.), o movimento defendia um radical dualismo teológico: o Deus do Antigo Testamento seria um ser inferior, criador do mundo material e caracterizado pela justiça e severidade, enquanto o Deus do Novo Testamento — o Pai de Jesus Cristo — seria totalmente distinto, um deus de amor e misericórdia.

Em consequência dessa visão, Marcião rejeitou o Antigo Testamento como Escritura inspirada e elaborou o primeiro cânon alternativo da história cristã, composto apenas por uma versão mutilada do Evangelho de Lucas e dez epístolas paulinas, igualmente alteradas. Essa postura implicava a negação da continuidade entre as alianças e, por conseguinte, da própria unidade da revelação divina.

A resposta da Igreja foi firme e abrangente. Diversos Pais da Igreja — de Justino Mártir a Agostinho de Hipona — empenharam-se em refutar o marcionismo, reafirmando a unidade de Deus, a autoridade das Escrituras hebraicas e a realidade da encarnação de Cristo. A controvérsia marcionita acabou servindo de catalisador para o desenvolvimento do cânon cristão e para a consolidação de princípios fundamentais da ortodoxia cristã.

1. Contexto histórico e teológico do marcionismo

Marcião surgiu em um contexto marcado pela diversidade teológica do cristianismo do século II, no qual coexistiam tendências gnósticas, judaico-cristãs e helenistas. Nascido em Sinope, na região do Ponto, Marcião chegou a Roma por volta de 140 d.C., onde apresentou à comunidade cristã sua doutrina e tentou obter reconhecimento eclesial. Segundo Tertuliano, Marcião chegou a oferecer uma generosa doação à Igreja de Roma, mas, após sua doutrina ser rejeitada, foi excomungado em 144 d.C. (Adversus Marcionem, IV, 4).

A teologia marcionita se baseava em três pilares principais:

  1. A existência de dois deuses — o demiurgo criador e o Deus bom revelado por Cristo.

  2. A rejeição do Antigo Testamento, considerado obra de um deus inferior.

  3. Uma cristologia docética, na qual Cristo apenas parecia ter corpo humano, sem verdadeira encarnação.

Tais ideias colocavam em xeque não apenas a cristologia e a soteriologia apostólicas, mas também a própria concepção cristã da revelação. Diante disso, os teólogos e bispos da Igreja reagiram vigorosamente, produzindo uma literatura apologética que visava preservar a fé transmitida pelos apóstolos.

2. Os primeiros opositores: Justino Mártir, Policarpo e Irineu de Lião

2.1 Justino Mártir

O filósofo e mártir cristão Justino († c. 165 d.C.) foi o primeiro autor a mencionar Marcião nominalmente. Em sua Apologia I, ele denuncia:

"E há um certo Marcião de Ponto, que ensina aos homens a crer em outro deus maior que o Criador."
(
Apologia I, 26).

Justino defende a unidade entre o Deus Criador e o Deus Salvador, argumentando que os profetas do Antigo Testamento anunciaram o Cristo vindouro. Sua refutação é tanto teológica quanto filosófica, e lança as bases para as respostas posteriores.

2.2 Policarpo de Esmirna

Embora não tenha deixado obras escritas contra Marcião, Policarpo é lembrado por Irineu de Lião como testemunha ocular da controvérsia. Quando confrontado por Marcião, Policarpo teria dito:

"Sim, reconheço-te — és o primogênito de Satanás."
(
Irineu, Contra as Heresias, III, 3,4).

Esse episódio, ainda que breve, simboliza a postura inflexível da Igreja apostólica diante de doutrinas que ameaçavam a verdade do Evangelho.

2.3 Irineu de Lião

A obra Adversus Haereses (c. 180 d.C.) de Irineu constitui a primeira refutação sistemática do marcionismo. Irineu combate a noção de dois deuses, afirmando:

"Há apenas um Deus, Criador do céu e da terra, que é também o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo."
(
Contra as Heresias, I, 27,4).

Ele também sustenta a unidade das Escrituras, mostrando que o Antigo Testamento prefigura o Novo. Para Irineu, a rejeição do AT é, na verdade, uma rejeição do próprio Cristo, que cumpre as promessas proféticas. Sua teologia da recapitulação (ἀνακεφαλαίωσις) demonstra que Cristo é o ponto de convergência de toda a história da salvação.

3. A consolidação da refutação: Tertuliano e os apologistas do século III

3.1 Tertuliano de Cartago

A obra Adversus Marcionem de Tertuliano (c. 207 d.C.) é o tratado mais extenso e profundo já escrito contra o marcionismo. Em cinco livros, o autor examina minuciosamente as teses de Marcião e responde ponto por ponto. Tertuliano argumenta que a bondade e a justiça coexistem em Deus:

"Marcião separa o Deus justo do Deus bom, como se fossem contrários. Mas justiça sem bondade é crueldade, e bondade sem justiça é desordem."
(
Contra Marcião, I, 27).

Ele também acusa Marcião de mutilar as Escrituras, especialmente o Evangelho de Lucas e as epístolas de Paulo (IV, 2). Sua defesa da encarnação e da verdadeira humanidade de Cristo é central: sem uma carne real, não haveria redenção verdadeira.

3.2 Hipólito de Roma e Orígenes

Hipólito († c. 235 d.C.) dedicou partes de sua Refutatio Omnium Haeresium à exposição das doutrinas marcionitas, denunciando-as como produto de "ímpia ignorância".
Orígenes († c. 253 d.C.), em obras como Contra Celso e De Principiis, combate o dualismo e defende a interpretação espiritual do Antigo Testamento, afirmando que o mesmo Deus atua em ambas as alianças.

4. Os ecos posteriores: do século IV ao V

Nos séculos seguintes, autores como Eusébio de Cesareia, Epifânio de Salamina, Jerônimo e Agostinho de Hipona continuaram a combater o marcionismo e seus derivados.
Epifânio, em sua obra Panarion, dedica um extenso tratado à heresia marcionita (Heresia 42), descrevendo sua teologia e liturgia.
Jerônimo, em seu Comentário a Gálatas, acusa Marcião de distorcer o ensino paulino.
Agostinho, em De Haeresibus, classifica o marcionismo como uma das heresias mais perigosas da antiguidade, reiterando a unidade do Deus Criador e Salvador.

5. Contribuições teológicas da controvérsia marcionita

A oposição a Marcião teve profundas consequências teológicas e eclesiais:

  1. Formação do cânon bíblico — a necessidade de responder ao "cânon marcionita" levou a Igreja a definir e preservar os livros apostólicos autênticos.

  2. Afirmação da unidade das Escrituras — a hermenêutica tipológica de Irineu e Orígenes reforçou a continuidade entre Antiga e Nova Aliança.

  3. Defesa da encarnação — a refutação do docetismo consolidou a doutrina cristológica ortodoxa.

  4. Desenvolvimento da teologia trinitária e soteriológica — a controvérsia ajudou a formular melhor a compreensão do Deus único em sua economia redentora.

A refutação de Marcião pelos Pais da Igreja foi um marco decisivo na consolidação da ortodoxia cristã. Ao defenderem a unidade de Deus, a veracidade das Escrituras e a realidade da encarnação, autores como Justino, Irineu, Tertuliano e Agostinho não apenas protegeram a fé apostólica, mas também lançaram os alicerces da teologia cristã clássica. A controvérsia marcionita evidencia que a verdade da fé se fortalece justamente quando é posta à prova — e que, na história da Igreja, as heresias frequentemente serviram como ocasião para o aprofundamento da verdade revelada.

Pais da Igreja que refutaram Marcião:

Século

Pai da Igreja

Obra principal / referência

Tipo de refutação

II

Justino Mártir

Apologia I, 26

Primeira menção e refutação teológica

II

Policarpo de Esmirna

Testemunho de Irineu

Confronto pessoal

II

Irineu de Lião

Contra as Heresias

Refutação sistemática

II

Ródon

Contra Marcião (perdida)

Refutação direta

II

Teófilo de Antioquia

Ad Autolycum

Defesa do AT

II

Melito de Sardes

Fragmentos

Defesa da Lei e dos Profetas

III

Tertuliano

Contra Marcião

Refutação mais extensa

III

Hipólito de Roma

Refutação de Todas as Heresias

Análise crítica

III

Orígenes

Contra Celso, De Principiis

Refutação filosófico-teológica

IV

Eusébio de Cesareia

História Eclesiástica

Resumo histórico

IV

Epifânio de Salamina

Panarion

Refutação e catalogação

IV

Jerônimo

Comentário a Gálatas

Defesa de Paulo

V

Agostinho de Hipona

De Haeresibus

Síntese e condenação final

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